Os dez anos do Metro do Porto assinalaram-se estes dias e não havendo dúvidas do grande incremento da qualidade de vida graças ao metro – sobretudo dentro da cidade do Porto – a verdade é que esse relativo sucesso é ofuscado por vários factores que não são de esquecer.
Em primeiro lugar o típico ataque de parolismo que fez com que se desfizesse o antigo antes de começar o novo. As linhas de comboio, nomeadamente da Trofa e da Póvoa, foram-se ao chão sem que se saiba se alguém considerou a sua manutenção enquanto serviço da CP com transbordo para o metro (na Senhora da Hora, ou até na Boavista, p.ex.). Até admito que se tenha considerado, mas olhando para a realidade a decisão final de não manter os comboios e substituir as linhas da CP por linhas do Metro, foi uma má decisão. Quer porque nalguns sítios (a sempre recordada e esquecida Trofa) o comboio sumiu para nunca ser substituído, quer porque os custos de investimento nas novas linhas (e no arranque das antigas, claro) pesam e muito nas contas da empresa. Além disso, onde essa substituição acabou por acontecer (e.g. linha da Póvoa) os ganhos de conforto são evidentes, os de tempo e de qualidade de serviço nem por isso.
Isso leva a um segundo problema. A empresa Metro do Porto tem, para além do problema operacional que este ano primeiro trimestre já significava 470 mil euros negativos, um problema financeiro insolúvel: o serviço da dívida contraída pelos investimentos na infraestrutura (e todos os apêndices de infraestrutura como parques, reabilitação urbana e outros que a Metro foi pagando ao longo dos tempos) não é sustentável numa empresa com as receitas como as da Metro – mesmo incluindo indemnizações compensatórias. E como não é sustentável, em vez de descer, sobe. O governo – os contribuintes – mais cedo ou mais tarde vão ser chamados a assumir as dívidas da empresa e quanto mais tarde, mais terão de pagar.
O futuro da Metro do Porto passa, tudo indica, pela fusão com os STCP o que não é bom nem é mau. Dependendo da execução, esta integração pode funcionar muito bem e servir para poupar gastos, mas sem se mexer no problema estrutural da empresa tenho muitas dúvidas que ela não deixe de ser um sorvedouro de dinheiros públicos.
Nunca uma empresa privada assumiria o risco de construir o Metro se não o fizesse subsidiada. O Porto ganhou e muito, com as toneladas de estrangeiros que chegam pela Ryanair e com muito menos tráfego do que quando lá vivi. Os autocarros já chegavam a todo o lado mas não tem comparação. Os transportes são uma das áreas em que o socialismo vence o liberalismo.
Caro FR,
não se faz aqui a defesa dum modelo privado ou público de construção. Apenas se diz que desta forma não funcionou bem. De resto, é evidente que o Porto ganhou muito com o Metro.
Caro Michael,
O problema do Metro do Porto – como bem referiste – não está na sua existência mas na sua concepção.
Quando a FEUP ainda era nos Bragas, eu ia de minha casa para a faculdade de comboio (linha da Trofa). Depois, com o final da linha e a mudança para a Asprela, nunca cheguei sequer a utilizar o metro, no entanto sei que a situação piorou para a maioria dos utentes.
– Quem vinha depois da Trofa (Sto. Tirso ou vale do Ave) “perdeu” esta ligação, sendo obrigado a “andar às voltas” nas outras linhas.
– Para as pessoas depois da Maia (o meu caso) o tempo de viagem aumentou 15 minutos. Ou seja, passou de 30-45 min para quase uma hora. Isto porque o metro anda “às voltas” por sítios ridículos (Zona Industrial da Maia, centro da Maia, etc.)
– Andou-se a tirar carris e a interromper um serviço, que existe há quase UM SÉCULO para se enterrar dinheiro a meter carris (maioritariamente no mesmo sítio). A justificação que as carruagens eram velhas não cola – substituissem as carruagens!
– “Trocou-se” um serviço que tinha linha dupla até à trofa (e que permitia composições simultâneas em sentidos inversos) por linha única, obrigando às ineveitáveis esperas para cruzamento em algumas das estações (nem todas têm duas plataformas).
– Diminuiu-se a frequência máxima do serviço (e a frequência real, salvo erro).
Ou seja, gastou-se uma brutalidade a PIORAR um serviço. Tanto quanto sei, a situação na linha da Póvoa é igual, se não pior.
De acordo, Carlos.
É impressionante a parcialidade com que fazem a análise desta questão. Dispam-se da vossa ideologia e partidarismo, façam um trabalho de investigação e análise imparcial e global e depois, pronunciem-se sobre esta importante questão. Bem ou mal, importa referir que, infelizmente, esta obracomo muitas outras, tem demasiada mão de politicos e menos de engenheiros.
“esta obracomo muitas outras, tem demasiada mão de politicos e menos de engenheiros.”, concordo inteiramente mas não percebo a discordância manfiestada antes. Vale a pena desenvolver.
Micha, penso que a questão das linhas da Trofa e Póvoa ultrapassa o parolismo, deveria no mínimo ser investigada por gestão danosa. O pior é que esse desperdício, além da piora óbvia do serviço de transportes para essas zonas, impediu ainda que se investisse a sério no metro no centro da cidade, que é onde se fazem metros em todo o lado, devido ao caos financeiro em que ficou a empresa!
Se em vez de inventarem tivessem olhado à volta tinham visto, pelo menos em Paris e Barcelona, que conheço bem, que podem transformar essas linhas urbanas num equivalente ao metro (RER de Paris e FGC em Barcelona), sem mudar carris nem composições, e que para que as pessoas andem de metro na cidade é preciso que exista cobertura! O metro do Porto afasta-se 30 km da cidade e no Porto só há 2 linhas!
Outro caso sério é o metro em Matosinhos, que é perfeitamente inútil! É preferível sair na Srª da Hora e andar a pé!
Por fim, a ligação ao Polo Universitário é uma anedota!
Em 1º, não faz nenhum sentido que a mudança das linhas W-E para a N-S seja feita quase no extremo Sul da cidade, ainda para mais quando as linhas que fazem WE vêm de Norte!;
2º, porque raio é que depois de Salgueiros o metro faz uma curva para ir parar no meio de 2 Facs. ridiculamente pequenas (Dentária e Psicologia), em vez de ir servir uma população muito maior junto à FEUP e FEP? Seria mais lógico, quanto a mim, ter feito Salgueiros-FEUP-IPO-S. João.
Finalmente, o caso caricato da entrada para a urgência do S. João, que fez com que a obra ficasse inacabada…
O PORTO GANHOU E BEM COM AS LINHAS DO METRO. É UMA OBRA NOTAVEL DE GFRANDE ENGENHO QUE FICARÁ NA MEMORIA DE TODOS. QUANTO AO PASSIVO MUITO PODERIA TER SIDO RESOLVIDO SE CONSTRUISSE AS LINHAS QUE REALMENTE SÃO NECESSÁRIAS , COMO A LINHA DA TROFA, VALONGO, ETC.